terça-feira, 14 de julho de 2009

O stress da mordomia

O sossego do dia a dia incomoda até que, de repente, já não se suporta os calos da monotonia. Os dias são travados, e por mais que se preencha cada mísera lacuna com pensamentos úteis, a ação falha e nada de novo acontece. A volta da rotina pode ser longa mas cansa. Houve dias que eu corria, lotava minha mão de entulho e saia as pressas para alcançar qualquer novidade. Ia me formar, ia parar de encontrar em cada esquina a queda da minha motoneta. A cada fim de semestre a ansiedade de uma prova enorme me desatinava e eu caia no cruzamento. Haja mãos de couro para aguentar. No fim, pequei pela sobra, e não fui competente o bastante para decifrar o ‘é’ de Fernando Pessoa que o 'r' me apresentou ("Cada coisa tem um instante em que ela é, eu quero apossar-me do é da coisa"). Meu ‘r’ zarpou sem barco. Meu ‘L’ rumou para perto e desde então a sigo.
Cadê o tal stress da mordomia? ‘No marasmo batido dos dias úteis’ onde, hoje em dia, não faço nada que quite minha dívida com esses 26 anos. Continuo tal como os 13. Impregnado de rock e insegurança. A diferença está nos sorrisos colhidos nos fins de semanas, na demorada cidade paulista e, tão breve, espetada, parada e fria.
Afirmo passivamente que o fim de 2009 pretende valer a mordomia da rotina macia que infecta os dias. Hão de comprar ações do meu futuro valorizando meu passe. Será?
Eu sou o é da coisa tua e minha.

Não basta bradar ao silêncio da mono-audiência para falar que os dias estão batidos e que fazer algo útil é relativo. Um brinde a enchente de jarras de café instantâneo no copo reciclado.

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