quinta-feira, 7 de abril de 2011

OS DELÍRIOS DO CAMELO

Postagem inspirada na entrevista do Marcelo Camelo ao G1 (aqui). 

Marcelo Camelo, ex músico do Los Hermanos
Marcelo camelo é um terráqueo rejeitado pelo próprio umbigo e arquiinimigo do grão que alimenta seu parasitismo crônico e sua antinomia descarada.

Em 2009 tive a oportunidade de ver seu projeto solo ao vivo, em Araraquara/SP, sob apoio da banda Hurtmold. O Camelo tocava como se não houvesse público e tinha a simpatia de um espirro e interagia com o público como se houvesse um muro entre eles.

Os músicos da banda dispensaram atenção ao público após o show. Até pude ouvir a opinião do 'cara do xilofone' sobre power trios no rock e o porque do Camelo não interagir com o público. Segundo ele, o Camelo fica baqueado, cansado e muito desanimado após cada show. É a empatia do sentimento de todo o público condensada sobre um único cara.

Camelo se afoga na sua própria antinomia como uma enxurrada mineira de fim de tarde. Termina cada raciocínio como se parisse um argumento irrefutável. Enquanto critica o fato de outros músicos comporem linhas da sua canção, abusa das participações especiais no novo álbum solo, Toque Dela. Nas palavras dele, "O lugar da batida, o lugar do baixo, tudo isso faz parte da própria composição. Não consigo entender como é que, por tantos anos, eu deixei outra pessoa tocar contrabaixo nas minhas músicas!" Nunca vi um cara ofender, numa única frase, todas as bandas do mundo de forma tão...discreta.

Tive oportunidade de ver a banda Los Hermanos 4 vezes ao vivo. 2 vezes na era "Anna Julia", e 2 vezes na era "indie pop rock alternativo pseudo cult" e não é impossível vincular a banda do início de carreira às vertentes que culminaram com o fim da banda. Há ligação entre o primeiro acorde, da terceira canção, do primeiro álbum (batizado de los hermanos) e o último suspiro da guitarra do álbum 4 (criativamente batizado de...4). O que destoa nesta história, é a criatividade das letras de Rodrigo Amarante cantadas com desmazelo pelo Marcelo Camelo...daí...o fim da banda.

Camelo consegue a proeza de maldizer todos os anos com a banda Los Hermanos, saindo do lugar comum de criticar apenas a época da hoje maldita Ana Julia e ainda rechaça críticas ao namoro com um formiga de 16 anos: "Não sei muito bem por que as pessoas se interessaram por isso. O que me causou mais estranhamento foi a reação [negativa] dos veículos liberais, dos indies, das pessoas que sempre defenderam as minorais, aquilo que não está em voga... Já vivi muito preconceito por causa de 'Anna Julia', mas não sei nem o que dizer a respeito disso: nunca tive de prestar conta sobre meus outros namoros, então não entendo por que tenho de prestar agora."

Como músico, percebe-se na entrevista que o Camelo teme estar falindo, ou fadado ao fracasso. Talvez consciente de que o caminho que escolheu (à margem do mainstream) não seja o caminho certo de um profissional da arte.

Ser indie é para quem curte a música como forma de arte. Se você quer ser um operário da música, tem que ceder à demanda do mercado...ou padecer num cubo mágico mobiliado em São Paulo, com tua namorada de plástico e tua falta de coragem de aparar a máscara que esconde tua personalidade aerada.

Ele não é um cara fácil. Declama cada palavra na entrevista e desarma a maioria dos críticos de boa vontade. Ele quer resgatar a música brasileira mas não percebe que o cara certo para este trabalho é seu ex-parceiro, Rodrigo Amarante, ou eu...ou você...ou o mendigo nu na praça ....menos ele.

Para você que conseguiu chegar ao fim do post...te respondo aonde está o delírio do Camelo: a realidade não é uma miragem e negá-la é acampar na própria ignorância. Enquanto o ex-hermano se contradiz ante o tempo, sua ignorância latente começa a contaminar tua mente surda-muda...ufa...