quinta-feira, 2 de julho de 2009

CAVALEIRO ANDANTE


O surgimento do Walkman foi o stopim que deu asas a imaginação tecnológica e status aos adolescentes de época não tão distante, tal como os pequenos ipods de hoje. No mais, hoje nada da status a ninguém para ser sensato.
Quando comecei a brincar de gostar de música tinha no walkman meu mecanismo para tirar músicas, na discrição permitida, para não incomodar os outros com a barulheira que desperta a atenção para o rock. Lembro de ficar na beliche com meus irmão gravando a nossa voz num gravador portátil, conversando bobeira, depois ouvindo e rindo pacas.
Num aniversário, ganhei um Walkman Philips muito bom e simpático, cantos arredondados, discreto, e que rodava de mão em mão, e por fim parou, eu acho, na mão do ex-vocalista da minha primeira banda, Nouserhead. Ainda não tinhamos tanta facilidade para encontrar músicas na web e, como os CD's eram caros, costumávamos comprar cds gravados na extinta Rarus Discos e gravar em fitas K7 para ouvir no som e walkman, período em que o vocalista tirava as músicas de ouvido, escrevendo o que ele entendia do inglês, base do rock, fato este que permitiu ser ouvida frase estranhas, tal como 'vassoura' no lugar de "midnight stroller", frase de verso cantado na canção Hair of the Dog, do Nazareth. Um ano e pouco depois nós já usamos a web e, é óbvio, 'rachávamos o bico' de dar risadas ao rever as antigas letras escritas a mão e os erros gritantes.
Certa vez ganhei de uma grande amiga, Bianca, uma fita K7 com uma das melhores coletâneas de rock que já fizeram para mim. Foi a primeira vez que ouvi Strawberry Fields, dos Beatles, inteira. Qualquer dia posto essa coletânea por aqui.
Lembro também da coleção de fitas K7 do Kleber, baterista da minha primeira banda, contendo a discografia dos Ramones, outro presente de aniverário.
Tudo isso foi na adolescência, fase curta que marcou e moldou minha forma de pensar e agir.
O baixista da minha banda atual, 'Os Simuladores', tem 17 anos e tira as músicas usando Guitar Pro e similares. Não perde tempo ouvindo várias vezes a mesma faixa para descobrir o que o músico está fazendo pois tudo já foi mastigado por outros e postado na rede. Isso funciona perfeitamente mas limita a espontaneidade autodidata. Eu, pelo contrário, me acostumei a tirar músicas de ouvido. Chego a ficar quase 1 hora ouvindo repetidas vezes a mesma canção, a fim de desvendar cada detalhe e criar minha própria versão, fiel ao máximo ao som original, mas com algumas pegadas pessoais. Na prática, é um estilo mais honesto de tirar músicas pois apresenta melhores resultados já que acostuma o ouvido ao tempo, quebradas e solos da música. Isso se reflete no ensaios onde o baixista acaba tendo que seguir as cifras o tempo todo e, mesmo assim, peca em algumas viradas.

Ufa...Este blog não pretende ser saudosista, mas, quando o Walkman completa 30 anos, convém relembrar um pouco o que significou para mim. Sucesso terráqueos.
- Post inspirado na reportagem da Folha online: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u589048.shtml

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