quarta-feira, 6 de agosto de 2008

‘Shame mr. Yorke, shame.’

Antes de tudo, todos os textos serão impessoais, não citarei pessoas não públicas, pelo menos vou tentar. No mais, tudo o quanto for pessoal vai estar implícito e meus amigos e minha pétala vão sacar na hora.

Li certa vez sobre razões para o Radiohead não vir à América do Sul, enumeradas pelo próprio Thom Yorke, vocalista. Não vale nada citar, mas, assim mesmo, lá vão algumas: falta de público, pois a venda de discos na América do Sul é tímida se comparada aos índices europeus, americanos e asiáticos; excesso de despesa com transporte de pessoal e equipamento.
O Brasil é um paraíso apenas para passar férias. Os próprios integrantes do Radiohead já vieram a passeio ao Brasil. Por que não vir para shows. Pensem o seguinte. Um show do Radiohead no Hawaii, ou Bora Bora. É quase impossível, mas é possível passarem férias nesses lugares. E ir ao Japão a passeio, também é suspeito, mas a trabalho é muito mais compreensível. Eles consomem. Falta cativar o Radiohead a ponto de levarem o público latino a sério.
Basicamente, ‘eles’ não vêm porque não lhes é interessante divulgar a banda em lugares fora do eixo ‘mainstream’, Euro-Americano. Por vezes soaram rumores da vinda da banda a festivais diversos do Brasil e América Latina. O desinteresse da banda dificulta qualquer negociação.
Criada em 1989, o Radiohead passou ileso pela fase grunge dos anos 90 e evoluiu inesperada e ineditamente. Basta notar o som feito pela banda nos dias de hoje e o british punk do primeiro CD. Bandas como Pearl Jam, REM eu U2, pararam no tempo. É forçar a barra criticar tais bandas, eu sei, mas é impossível não sentir a diferença entre o estágio em que se encontra o Radiohead e o conservadorismo acomodado de outras bandas.
Hoje, após a vinda do Muse e as declarações do vocalista Mathew Bellamy é possível analisar melhor a afirmação de Thom Yorke. Se este não quis vir aqui pelo dispêndio e a ‘dita’ pouca expressão da banda aqui (fundado em impressão superfiocial), o Muse não hesitou e sacrificou a rentável maratona da turnê do novo CD (HAAARP live Wembley) pelos palcos tradicionais, e brindou o público latino, desde o México até o Brasil, passando por Chile, e até mesmo pela Colômbia de Uribe.
Vão dizer que há grandes shows internacionais aqui. Aham, tá, sei. Há o show do U2 gigante de dez em dez anos, um show do Aerosmith idem, Madonna faz mais de 15 anos que não desembarca aqui, até mesmo o ingrato Fab Moretti demorou para passear no limbo do pai de Julius Casablancas, vocalista do Strokes. Brasileiro nato, criado nos EEUU, veio ao Brasil em época fora da turnê de lançamento de álbum, o que denuncia a falta de interesse de divulgar o trabalho aqui.
Com exceção do Muse, e arriscando ser desmentido no futuro, não me recordo de outra banda internacional que incluiu América Latina em turnê de divulgação de disco.
Isso acontece devido, segundo Thom Yorke, ao pouco interesse consumista do público latino. Ele tem razão, mas o Muse pôde iniciar uma leve mudança de ponto de vista. Depois dos shows latinos, muitos vão ouvir falar do Muse pela América Latina, fãs ilibados prontos para ceder ao consumo, e ao que teus olhos e ouvidos degustaram.
Ops! De cara já lembrei de banda para me contradizer. O Red Hot Chilli Peppers está sempre por aqui quando em turnê mundial. O CD ‘Californication’ foi um sucesso no Brasil, vendendo mais de 200 mil cópias, venda comparada a cantores nacionais. Tratasse de lógica mercadológica de marketing bem feito. Isso não é exceção, e sim conseqüência do interesse da banda em difundir a turnê por todos os cantos do planeta, sem valorar demasiado mercados tradicionalmente consumistas.Para não fugir da crítica aos EEUU, basta notar o lixo cultural que brota de lá. Perdão a corrente hip hop, mas lista da Billboard americana é uma vergonha. Só tem rapper, e cantora teen com vozeirão gigante e corpos apetitosos. Ou seja, eles consomem tudo o que aparece, importando a pele da personalidade, sem digerir e aguçar o paladar musical. A cena européia se mostra um pouco mais exigente, o que favorece o surgimento de melhores bandas peneiradas nas fronteiras da Europa. Tenho certeza que muitos exemplos lhe saltam à mente neste momento, ou melhor.

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