sexta-feira, 13 de maio de 2016

Crítica filme #ninfabebê

trailer

O filme teve sua avant premiere neste último dia 12/05/16, em Uberaba-MG, parto de projeto aprovado e financiado parcialmente pela secretaria de cultura da cidade, dirigido, produzido e roterizado por Aldo Pedrosa, proeminente cineasta mineiro, debutando em longa metragem.

O retrato definitivo desta geração.

Com base na super exposição em redes sociais, ninfabebê tem ambições de se colocar no gênero de filmes de suspense/terror sérios no Brasil, ou pelo menos no âmbito regional donde foi produzido.

No elenco todos são debutantes na sétima arte (vide cartaz).
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Qual o limite da vaidade?

Essa questão é subjetiva o bastante para soar retórica, porém relevante durante todo o filme.

Ninfabebê leva o público ao limite entre a empatia à protagonista ou um tapa na moleira desta média-adolescente. Ainda, perturba enquanto alerta o público mais conservador (pais/responsáveis que subjugam as ações virtuais da prole) e cutuca o púbere de que, na verdade, o teatro da vida virtual, em algum instante, salta a tela para ferir ou massagear a carne e a mente.

Entre cada capítulo, do início lolitizado, passando pelo suspense, ao ápice de terror destrutivo do final, #ninfabebê sugere que tudo se passa ao vivo e aflora o sentimento voyeurista no espectador contemporâneo, enquanto o mais conservador se sentirá curioso, porém absurdamente perturbado. O diretor não quer agradar a tia católica que foi ao cinema ver a performance da sobrinha debutante no cinema. Aquele deseja polemizar sobre o rio de vaidades que transborda nas redes sociais, sem medir diálogos nem imagens.

A história se passa no interior da casa de Cibele, a Ninfa Bebê do título, adolescente púbere que, ao lado da amiga Daiana, planeja uma noite de diversão sem limites, auditada instantaneamente pelos seguidores virtuais do alter ego da protagonista.

Os olhos do espectador se limitam pela visão da tela do celular de Cibele (você vai entender quando assistir ao filme). Somos ao mesmo tempo os olhos da protagonista, personagem e testemunha dos acontecimentos.

Após adotar e coagir a pupila Daiana a participar desta saga auto-destrutiva, a diversão inicial toma ares de suspense/terror quando Cibele resolve incluir novos personagens no convescote, a fim de levar a diversão ao clima lúdico alçado sob entorpecentes e álcool. Reviravoltas descolam a diversão pseudo-libidinosa para contornos dramáticos. A auto-promoção virtual deságua no drama real, afligindo as protagonistas violentamente.

Cibele segura o espectador com sua libido aflorada e sugestiva, sem ultrapassar os limites da classificação etária do filme. Daiana se destaca da metade em diante de #ninfabebê. O espectador já não coaduna dos valores de Cibele e teme pelo desfecho da amiga pueril face às desventuras provocadas pela auto-destrutiva ninfa bebê. Ambas convencem com atuações assertivas. Os demais personagens cumprem seu papel sem arriscar o destaque das protagonistas, infligindo à Déia, a ex-namorada do pai de Cibele, para o papel de antagonista da estória.

Cessando a crítica antes de incorrer em spoilers, #ninfabebê consegue cumprir com a promessa de expor os excessos da exposição virtual, onde apenas a própria consciência e valores pessoais podem limitar a saturação da própria imagem.

O diretor não acaricia o ego moralista do público médio brasileiro, acostumado com desfechos doces e mastigados, típicos das estórias brasileiras contadas nas teles, congeladas e requentadas ano após ano. Se prepare para ser provocado ao cruzar pela primeira vez com olhar verde da ruivez de Cibele, até a última paulada na moleira.

O limite da vaidade é um mundo sem espelhos.

- Ninfa Bebê (#ninfabebê), Brasil, 2016
- Diretor: Aldo Pedrosa
- Elenco: Dandara Adrien, Giovana Almeida, Rodrigo Chagas, Rita Monteiro, Rafael Ferreira, Mayron Engel, Anderson Ued, Edgar Junior, Guilherme Martins
- Review: 4/5

4 comentários:

  1. Filme incrível! Infelizmente seus exageros estão cada vez mais coerentes com a realidade. Senão com volume de mortes, sem dúvida com situações diversas de abuso. Que seu contexto seja mais valorizado, e abordado com olhar educativo. A realidade da rede pede mais urgência que moralismo, mais afeto e presença de olhos de amor que inteligência ou esperteza. Parabéns aos colaboradores e produtores deste estudo-filme! Precisamos de corajosos como vocês!

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  2. Olha... é bom! Gostei!Mas só! Nada novo!

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    1. na vdd é novo sim por ser um mockumentary nacional

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  3. É diferente e, baseado no fato de foi custeado com verba de 20mil reais, ficou perfeito. Tem que ser violento mesmo, tem que ser agressivo, tem que levar ao teto os exageros das exposição on line.

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